segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Mais Impressionista dos Românticos

É interessante como algumas características importantes de um compositor muitas vezes passam desapercebidas, talvez por serem pouco formais, ou menos evidentes, ou ainda, talvez por não serem características de um determinado período, portanto, nem sempre entram nas análises técnicas. Brahms para mim é um desses compositores com esse tipo de "tempero" pouco percebido. Ele foi considerado um compositor conservador, pois tinha muita preocupação com o formalismo clássico, muito embora, ele tinha uma expressividade impar, talvez um dos mais expressivos do período. Mas, como disse, para mim, ele tem um "tempero" especial que é o uso das combinações timbrísticas, coisa que vamos ver de forma muito acentuada no impressionismo. Não se pode dizer absolutamente que ele exagerasse nisso, mas ele, definitivamente, não usava a orquestra da forma como os outros faziam, ele recriava a orquestra, mesmo nas obras mais folclóricas ou dançantes. É notável a maneira como ele lida com as cordas, a suavidade que ele imprime nelas, mas o mais interessante é como ele combina os diversos timbres, fazendo com que a orquestra se torne indivisível, holística, ao contrário de muitos outros compositores desse período que claramente dividem a orquestra em naipes, cada um desempenhando uma função específica na obra. Essa visão orquestral holística é tão surpreendente que há obras com uma sonoridade que resvala no impressionismo, na minha opinião.

O terceiro movimento da terceira sinfonia é muito conhecido e eu praticamente nasci ouvindo, pois meu pai tinha um LP com os clássicos dos clássicos, onde ele estava lá. É uma obra romântica com muita popularidade e que merece ser reverenciada, pois é uma obra primíssima, com todos os elementos que eu descrevo acima, violinos fabulosos, orquestra holística, timbres quase impressionistas, temperos sutis e tudo mais.

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