terça-feira, 29 de maio de 2012

Entre o Clássico e o Romântico

Explorando um pouco mais sobre Tema, apresento aqui nosso amigo Weber. Ele foi um dos primeiros expoentes do romantismo na música, muito embora, de fato, ele está localizado bem no meio, entre o clássico e o romântico, fazendo experimentações estéticas nesse novo período e se torando um dos pioneiros dele na Alemanha e no Ocidente.

A obra a seguir segue a forma Rondó, onde a exposição do tema é repetida diversas vezes durante a execução, seguida de uma variação do mesmo. A cada variação, é comum o compositor se afastar cada vez mais do tema original, às vezes variando a própria variação anterior. Nessa forma, é bem fácil achar onde está o tema e o que significa variação.

sábado, 26 de maio de 2012

A Simples Genialidade de um Mestre

Alguns de vocês podem ter pensado no Samba de Uma Nota Só do mestre Tom Jobim quando eu mencionei abaixo que podem existir temas musicais com uma única nota. Cuidado "gafanhoto", pois pessoas geniais fazem coisas geniais. Essa obra de Jobim tem algumas sutilezas; a primeira delas é que seu tema é rítmico e não melódico, até porque, a melodia básica se desenvolve com apenas uma nota. Como é rítmico, é possível tentar aqui um solfejo escrito (ta_tata_tata_ta_ta_ta_ :-))

Vou tentar ser simples, mas toda análise tem lá sua complexidade. Se pegarmos o solfejo acima, podemos dividir esse tema em três seções: a) ta_tata b) tata_ta c) ta_ta_. A parte a) é verdadeiramente o tema básico, ou seja, ele é composto de 3 notas; a parte b) é uma inversão do tema, ou seja, o tema exposto de trás para frente, uma primeira variação; a parte c) é uma variação que enfatiza o sincopado do tema, pois uma das sutilezas dele é que ele se inicia antes do tempo principal, no contratempo de um compasso anterior (eu sei, eu sei, eu ainda não passei as noções de compasso, pausa, sincopado, mas um professor de inglês também fala um monte de palavras que você não entende quando você começa a estudar o "the book is on the table").

Todo o fraseado de 8 notas pode ser chamado de "exposição do tema", pois, como disse acima, o verdadeiro tema é composto de apenas 3 notas e as outras 5 já são duas variações dele. O que vem a seguir na música é a dissertação sobre essa exposição. Mais uma obra da genialidade desse mestre é a segunda parte da música, que consegue manter a unidade estilística pela harmonia e o ritmo, pois, em termos de melodia, o fraseado tanto rítmico quando melódico é absolutamente contrastante em relação ao tema, ou seja, totalmente diferente, afinal, ele queria mostrar que "já se utilizou de todas as notas, mas no fim não deu em nada...". Absolutamente fantástico! Uma música simples e absolutamente genial.

Noções Básicas II - Tema Musical

Como citado em um post anterior, música é, essencialmente, uma forma de se expressar, uma linguagem. Quando falamos em expressar-se, claramente nos vem à mente transmitir uma ideia, um conceito ou algo parecido. Podemos fazer um paralelo aqui com a língua falada ou escrita, ou seja, quando queremos nos expressar, em geral falamos alguma coisa que tenha um sentido, um assunto ou embasamento íntegro para uma dissertação. Na língua falada, isso é chamado de “Tema.”

Se a música é linguagem, então, espera-se que ela comunique ou desenvolva alguma temática. A diferença entre o tema falado e o tema musical está no “idioma” que é usado. Quem consegue entender o que está escrito aqui faz isso por conhecer a língua portuguesa, tendo sido treinado nela por alguns anos. O mesmo pode ser aplicado à música e às artes em geral.

No “idioma” da música ocidental, o tema ficou intimamente ligado à melodia durante um largo período de tempo; praticamente desde seu início até as experimentações atemáticas apresentadas no segundo quarto do século 20. Mas tema não significa a mesma coisa que melodia; de fato, tema musical é um fragmento da melodia, como se fosse um assunto ou conceito desenvolvido por toda uma peça musical e sustentado pelos outros elementos sonoros, ou seja, assim como numa dissertação, uma peça musical gira em torno de um tema, que é desenvolvido, transformado, interpretado, repetido ou reformulado de várias formas. Note que estou falando aqui de conceitos básicos mais tradicionais, pois se considerarmos as obras mais experimentais, que trabalham os sons de forma diferente, o tema pode estar localizado em outro elemento, até porque, na música experimental pode não haver melodia.

Se é um fragmento de melodia, então o tema é composto por algumas notas em uma determinada sequência rítmica. De fato, o tema pode até mesmo ter apenas uma única nota. Em geral, um tema não tem uma quantidade muito grande de notas, até porque, isso pode criar problemas técnicos na composição, além de tornar sua compreensão muito complexa, mas isso não é regra. Nas músicas mais comuns, você vai encontrar temas variando entre 3 e 8 ou 10 notas musicais.

Para um ouvido destreinado pode ser difícil identificar onde realmente está o tema e, muitas vezes, ele é confundido com toda uma sequência melódica, especialmente se a música tiver letra, pois tende-se a misturar o significado textual com o musical. Para treinar o ouvido no idioma musical, você deve evitar músicas com letra, pois assim pode aprender a identificar os elementos puramente musicais. Musicas com letra formam um gênero que integra poesia e música, ou seja, um “idioma” misto, com características técnicas peculiares.

Agora é a sua vez. Com as noções acima, você já pode procurar as temáticas do idioma musical nas suas audições. Boa viagem!

sábado, 5 de maio de 2012

Rick Wakeman, o Pai do Rock Sinfônico

Já que estamos falando de lembranças e dos ingleses, outro que fez parte da minha adolescência foi Rick Wakeman, um dos principais expoentes do rock progressivo eletrônico; um virtuose. Foi inspiração para minhas composições juvenis, até porque, também sou tecladista e minha música também é essencialmente eletrônica. Lembro-me que eu cheguei a criar um roteiro de um filme inteiro na minha cabeça ao som de sua música.

Wakeman fez fama junto com os rockeiros progressivos nos anos 1970, muito embora ele tenha uma carreira muito produtiva e longa, estando ainda na ativa, agora também tocando com seus filhos. É considerado um dos pais do rock progressivo e do rock sinfônico. Com formação erudita, é um tecladista extremamente ágil e sensível, como disse acima e não canso de repetir, um virtuose, fantástico.

Benjamin Britten - Hino para Santa Cecília

Já que estamos falando dos ingleses, uma obra que me traz boas lembranças da faculdade é o Hino para Santa Cecília de Benjamin Britten. Digo isso, pois eu fiz parte do coral da faculdade Santa Marcelina que o cantou em uma apresentação de corais no auditório da faculdade, que fazia parte do roteiro cultural da cidade de São Paulo, em eventos periódicos chamados Terças Musicais. Eu nunca fui lá muito afeito a cantar, até porque, meu registro nem é muito comum e nem eu sei usá-lo muito bem - é chamado de Barítono Mezzo Baixo -, mas essa obra realmente me encantou.

O que eu gosto muito nos ingleses é a sonoridade druída deles, que carrega um misticismo natural e bem característico em seus compositores e suas obras. Todos eles têm, seja na música céltica, no rock, na música feudal, ou música antiga, até Rick Wakeman e Sarah Brightman. Por hora, resgato minha memória com essa peça coral muito bonita.

O Impressionismo Místico de Holst

É interessante como compositores eruditos de alguns países ficam sem destaque no cenário musical, mesmo que produzam obras interessantes e belas. É o caso dos ingleses., não que eles não sejam reconhecidos ou valorizados, mas não tem a mesma projeção dos italianos, austríacos, franceses e outros. Em termos contemporâneos, temos vários exemplos deles na música pop ou no rock, até porque, o rock inglês é, sem dúvida, o mais qualificado do mundo, pois música é uma profissão levada a sério lá. Mas eu comecei falando dos eruditos e um deles é Gustav Holst que, apesar de nascido em uma época de racionalismo cientificista, não ocultou sua visão mística do mundo em suas obras. Uma de suas obras notáveis e conhecidas é a suite Os Planetas, da qual o vídeo abaixo é parte e é uma leitura sonora do significado místico do planeta Júpiter.