quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Música Eletrônica Erudita - Manvantara

Ainda falando um pouco mais sobre a música eletrônica, não se pode imaginá-la limitada apenas aos ruídos (tecnicamente chamados de massas sonoras), ou mesmo à música concreta. Ela se desenvolveu sob várias formas, incorporando o conceito das massas sonoras como signos, criando o que podemos chamar de esculturas sonoras ou objetos sonoros. Para os ouvidos mais imaturos artisticamente, ouvi-la é um desafio e é comum expressões como “isso é música?” durante sua audição. Mas há que se observar que a arte necessita da experimentação para se desenvolver, sendo que a erudição, aos olhos dos filósofos antigos e modernos, se desenvolve através do conhecimento das artes, ciências e filosofias, ou seja, arte não é diversão apenas, é uma forma de perscrutar a consciência humana.

No exemplo abaixo, temos uma obra eclética, que se utiliza de elementos eletroacústicos, eletrônicos, tonais e atonais, cujo fim é eminentemente estético, ou seja, expressa essencialmente uma experiência musical baseada em um conceito filosófico conhecido por Manvantara.


Pierre Schaeffer e a Música Eletrônica

Acho curiosa a forma como a música eletrônica se desvinculou da experimentação erudita no imaginário popular. Hoje, quando falamos em música eletrônica, ela fica associada a gêneros populares dançantes, muito mais originários da disco music do final da década de 1970, do que verdadeiramente da música eletrônica. O mais interessante é que isso ocorreu muito rapidamente, não levou mais que 20 anos, o que demonstra que o conhecimento musical do senso comum é muito limitado. Aqui nem se pode falar em memória, dado que é bem provável que a música eletrônica primordial nunca tenha feito parte da memória coletiva.

Mas o fato é que a música eletrônica é muito mais do que aquilo que se ouve nas raves. A verdadeira música eletrônica chamava-se originalmente música eletroacústica. Eletroacústica, pois nos primórdios, os sons não eram produzidos eletronicamente, apenas capturados e tratados eletronicamente, então, era necessário um dispositivo acústico para produzi-los. Com o advento dos computadores, sintetizadores, samplers e diversos outros dispositivos eletrônicos, o termo música eletrônica começou a ser introduzido. Não se pode negar que os instrumentos eletrônicos sempre tiveram um lugar de destaque na música popular, afinal, o pop e o rock já nascem usando guitarras e aplicando distorções causadas por equipamentos eletrônicos. Não podemos esquecer também do famoso Moog (e depois o Minimoog), lançado na década de 1960. Mas o fato é que música eletrônica na década de 1980 era sinônimo de experimentação erudita, muitas vezes associada à música concreta.

Antes de ouvir o exemplo abaixo de um dos mais importantes expoentes dessa vertente, Pierre Schaeffer, é importante recordar que música é uma linguagem e, como linguagem, se utiliza de signos organizados para transmitir algum tipo de ideia, seja ela puramente estética ou mesmo diretamente cognitiva. Desta forma, organizar ruídos diversos, tratados eletronicamente e compostos em estruturas esteticamente observáveis (caso abaixo), desde a música concreta é considerado música.

Para mais informações, recomendo a Wikipédia.