terça-feira, 5 de junho de 2012

Virtuosismo Incomparável - Yamandu Costa

A música regional já produziu muitos violonistas no Brasil, alguns deles diferenciados, mas a figura abaixo transcende o diferenciado. Há um bom tempo atrás, tivemos uma novela na falida Manchete, chamada Pantanal, que falava um pouco dessa tradição com outros grandes músicos, Almir Sater e Sérgio Reis, sendo que, Almir fazia o papel de um violonista virtuoso que tinha pacto com o capeta. De fato, quando vejo o Yamandu, lembro desse papel do Almir, muito embora, apesar dele tocar como se tivesse esse pacto, sua índole é carregada de simplicidade e paz, como podemos ver em suas palavras no vídeo. De fato, a impressão que eu tenho é que ele já saiu da barriga da sua mãe carregando um violão, pois por vezes é muito difícil identificar onde termina o Yamandu e onde começa o violão; para mim, quando ele está tocando, é uma coisa só. Eu o considero um dos maiores violonistas da atualidade, senão o maior.

Egberto Gismonti

Podemos identificar dois movimentos claros de experimentalismo no Brasil. Um vem da música erudita, com alguns expoentes absolutamente desconhecidos por essas águas; e o outro vem da música instrumental, normalmente baseada nas músicas regionais, cujos nomes são um pouco menos desconhecidos. Hermeto certamente é um desses experimentadores, mas temos vários outros. Infelizmente, a maioria está hoje fora do país, onde encontraram o devido reconhecimento que não tiveram aqui no Brasil, seja porque as gravadoras queriam desenvolver mercados para outras culturas mais dominantes, seja por conta da ignorância artística a qual os brasileiros são induzidos pelo nosso "maravilhoso" sistema de ensino, que aboliu o estudo das artes na formação básica.

Egberto é uma figura ímpar, seja pelo seu virtuosismo em diversos instrumentos, dado que ele é multi-instrumentista, seja pelo seu experimentalismo muito particular. Podemos dizer que ele é um cientista da música, pois ele costuma fazer transformações em instrumentos para conseguir sonoridades diferenciadas. Ele também faz releituras de obras de grandes mestres, interpretando-as de forma muito peculiar.

Abaixo podemos conhecer um pouco desse experimentador.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Fátima - Hermeto Pascoal

Mais um pouco de Hermeto para adentrarmos mais no seu ecletismo e brasilidade.

O Mago da Música

O Brasil tem muitos expoentes na música, até porque, nossa forma de criar é uma das mais livres do mundo, senão a mais livre. O que quero dizer com isso é que não nos prendemos muito à fórmulas e regras, o que nos leva a experimentar muito mais. Fruto dessa liberdade, nasceram vários magos da música, mas o maior deles na área instrumental é Hermeto Pascoal.

Algumas características de sua música são realmente únicas. Uma delas é a incorporação de elementos atonais e caóticos. Outra é o uso de qualquer instrumento como uma percussão, sendo que, isso se deve ao fato da música brasileira ter muitos ritmos e ele faz questão de enfatizar isso nas suas obras. Outra muito importante é o fraseado de suas improvisações, que são realmente novos em relação a tudo que havia até ele aparecer; ele incorpora características regionais neles, criando fraseados e clichês com uma sonoridade tipicamente brasileira.

Por isso tudo, ele é reconhecido e respeitado mundialmente. Infelizmente, no Brasil, por conta da falta de instrução musical que impera, ele é considerado louco.