quarta-feira, 28 de março de 2012

O Falso Albinoni

Algumas coisas são sui generis na música. A obra abaixo é atribuída a Albinoni e teria sido composta no século 18 (Adágio em Sol menor), porém ela verdadeiramente foi composta e arranjada por Remo Giazotto no século 20. Eu imagino que Giazotto devia gostar muito de Albinoni, pois ele é conhecido por ter catalogado sistematicamente Albinoni. Essa estória de que a obra seria uma transcrição de um fragmento manuscrito de Albinoni foi veiculada pelo próprio Giazotto, porém, depois de um tempo, ele desmentiu a informação e admitiu ter composto a obra completamente.

domingo, 25 de março de 2012

Impressionismo - Debussy

O impressionismo foi um movimento artístico que se desenvolveu no final do século dezenove, cuja proposta era romper com o academismo dominante até então. Em vez de retratar uma situação ou paisagem como uma fotografia ou uma trilha sonora, buscava-se algo mais espiritual, como capturar e representar a atmosfera, ou seja, as impressões causadas pelo evento. Tem um aspecto emocional intenso e a parte mais intelectual era propositalmente tornada nebulosa, tanto que as formas, sejam elas na pintura, como na música, são difusas e difíceis de se identificar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O Que é Música?


Para começar com o primeiro artigo teórico deste blog, nada mais oportuno do que discutir sobre o que é música. De todas as artes, talvez uma das, ou a mais, difícil de definir é a música. Muito já se discutiu sobre isso e muitos querem restringir essa manifestação às salas de espetáculos ou similares. Eu gosto muito da definição que encontrei no Wikipédia: “é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.” Isso diz muito sobre música e abrange um amplo leque de possibilidades, o que representa bem o que é música hoje. Se pudéssemos incluir uma palavra entre “combinar” e “sons”, por exemplo, “inteligentemente”, talvez pudéssemos excluir algumas aberrações dela, como o funk... rsrs... ok, ok, brincadeira, esqueçam essa última afirmação.

Back to cold cow, vamos analisar um pouco a definição, excluindo a primeira parte “é uma forma de arte”, pois discutir o que é arte estenderia muito esse post. Algumas coisas são bem interessantes nela, como “combinar sons e silêncio”, pois, para o leigo, música é som, mas para o músico, o silêncio é tão importante quanto o som, visto que o silêncio pode conter tensão, expectativa, ou também representar a conclusão de uma idéia. Na música, há vários tipos de silêncio e não apenas em relação à sua duração; pode-se ter o silêncio completo ou o silêncio de algum instrumento em especial, enquanto outros continuam sua progressão. A idéia deste blog não é postar artigos muito grandes, portanto, para entender o que digo, procure na próxima vez que ouvir uma música que você goste encontrar onde estão os silêncios. Além do silêncio, temos também o som, mas qual tipo de som? Qualquer som inserido na obra com objetivo de estar combinado faz parte, portanto, efeitos sonoros, ruídos diversos também tem tanta importância quanto as notas musicais harmônicas. Quando começamos a ouvir todos esses elementos, a música começa a ter uma proporção diferente em nossa consciência. Talvez o leigo nunca tenha ouvido, mas há obras musicais que contém apenas ruídos, sem os instrumentos musicais tradicionais que são feitos para emitir notas musicais.

E a parte “pré-organização ao longo do tempo”? Essa frase pode ser limitadora se a olharmos ao pé da letra, mas temos que admitir que, apesar das teorias profundas sobre música sinerética ou música atemporal de Kölreuter (acho que é assim que se escreve), o fato é que, em termos físicos da nossa realidade material, as ondas sonoras dependem da progressão do tempo, portanto, para que haja a música que conhecemos, precisamos estar no espaço-tempo de Einstein. “Pré-organização” também poderia significar que a improvisação não estaria inclusa na música, mas, de fato, mesmo na chamada música incidental (explico sobre ela em outro artigo), antes de executá-la, precisamos planejar que ela vai existir, no mínimo juntando os instrumentos ou os materiais para produzi-la, ou seja, esse termo indica que para haver música, é necessário um certo planejamento prévio, uma inteligência por detrás, visto que qualquer ruído não planejado, como a buzina de um carro, não é obrigatoriamente música, mesmo que possa vir a ser caso alguém o “combine” em alguma peça artística. Isso exclui a música da natureza, ou seja, a orquestra de pássaros que existe em uma floresta? Depende. Se você não der atenção para ela e não se emocionar com ela, eu diria que você a excluiu, caso contrário, é um dos melhores exemplos de música incidental. De fato, a inteligência da natureza seria a pré-organização dessa maravilhosa sinfonia.

Para concluir, música é uma forma de expressão, uma linguagem que atinge nossa consciência e nossos sentimentos, mas, isso não é uma exclusividade da música, talvez fosse uma explicação para a primeira parte da definição que fala sobre arte, ou seja, para ser uma forma de arte, precisa preencher certos requisitos, mas isso é assunto para outro post.


quinta-feira, 22 de março de 2012

O Terço - Memória da Música Brasileira - Hey Amigo

Essa é uma das músicas mais comercialescas que eu mencionei no post anterior, mas nem por isso menos musical. A base é um blues mais pesado, trazendo a influência da banda americana Weather Report.

O Terço - Gravado no Canecão (RJ) em 2005

Para quem quer começar a despoluir o ouvido dos lixos vendidos nas rádios, essa banda é uma excelente referência. Inspirada no rock progressivo inglês das décadas de 1960 e 1970, como Yes e Rick Wakeman, O Terço tropicalizou o movimento para o Brasil, tendo influenciado inclusive os Secos e Molhados. Além disso, ela trouxe também uma técnica que integrava o rock progressivo com uma orquestra sinfônica. A peça abaixo é bem eclética, mas há algumas outras mais comercialescas que conservam o estilo fragmentado do rock progressivo.

Maria Callas. Casta diva. Norma. V. Bellini. Live 1955.

Algumas pessoas fazem a diferença por tentar ser mais que apenas seguir as tendências sociais. Maria Callas foi uma dessas pessoas. Para os ouvidos menos treinados, pode parecer uma cantora como qualquer outra, mas mesmo você que não está acostumado a ouvir e perceber as diferenças, procure ouvir a mesma peça com diversas cantoras diferentes para ver a diferença. A voz dela é inconfundível, pois ela trabalhou o timbre de sua voz para não ser igual ao que a técnica vocal impunha e impõe. Mas não é só isso, ela é uma das poucas que dá ênfase à expressividade mais do que a técnica. Música é expressão, é arte, é sentimento, técnica é apenas a ferramenta, não o fim.

BOOGIE: piano - blues - instrumental

Divertido exemplo de Boogie Woogie.

Sagração da Primavera - Igor Stravinsky (Fantasia 1940) Parte 1

Igor Stravinsky é um compositor cuja audição não é muito palatável para o leigo, muito embora, em função do cinema, hoje já tem uma musicalidade mais conhecida e aceita. Sagração da Primavera é uma de suas obras mais importantes e marca o início do modernismo. Nesse momento, não vou fazer uma análise em termos musicais, mas vale a audição, especialmente desse vídeo onde Walt Disney faz uma interpretação visual de parte da obra.

Ligeti - Lux Aeterna

Usada no filme 2001 - Uma Odisseia no Espaço de Kubrick, Lux Aeterna de Ligeti é uma obra icônica e muito profunda. Mais próxima do nosso tempo (1966), eu diria até que é uma obra da era espacial. Para o leigo será mais estranha de ouvir que Stravinsky. Ela usa técnicas de massa sonora e micropolifonia. Mais adiante nesse blog eu explico melhor o que é isso. Ouça um excerto da obra abaixo.

Stravinsky Conducts Firebird

Uma raríssima gravação onde podemos ver o próprio Stravinsky regendo uma de suas obras importantes. Esse pedaço é apenas o belíssimo final do Firebird Ballet Suite, denominado Lullaby and Final Hymn, mas você pode achar a gravação completa no youtube.

Miles Davis - Autumn Leaves - 1964

Além de um estilo marcante e bem particular, a grande diferença de Miles Davis em relação aos seus pares é que ele nunca é óbvio.

Hermeto & Elis em Montreux - Corcovado by Loronix

Alguns encontros são únicos e algumas pessoas fazem a diferença. Juntar Elis com Hermeto foi uma obra do divino.

Pat Metheny - Last Train Home

Esse é um clássico de Metheny, no mesmo estilo do anterior, só que um pouco mais tonal e com um tempero impressionista.

Pat Metheny & Anna Maria Jopek - Are you going with me?

Pat Metheny tem um estilo bem marcante. Suas vocalizações e improvisações em legato, sobre ostinatos crescentes e harmonias com elementos modais, são inconfundíveis.

Steve Reich

Musica para 18 Músicos é um clássico do minimalismo da década de 1980. Vemos aqui a abertura dessa obra.

Cannonball Adderley feat. Miles Davis " Autumn Leaves" (1958)

Alguns clássicos são fantásticos em mãos geniais. Note como a cozinha (ritmo e harmonia) mantém a dinâmica musical intacta dependendo de qual solista está em evidência, ajustando-se de forma a manter o destaque perfeito de solista. Note também que, ao final, o pianista muda o andamento da música de forma tão sutil que quase nem se percebe. Sem contar os solistas, que são fora de série.

Música do Corpo

O que poucos sabem sobre essa música e muitas outras de Bobby McFerrin é que não existe nenhum instrumento sendo tocado, somente vozes e batidas no corpo. Essa é uma das musiquinhas comerciais que ele fez, muito embora, seja gostosa de ouvir e com uma mensagem positiva. Porém, tem muita coisa muito interessante, com um conteúdo artístico bem mais apurado.

Releitura de Tom Jobim

Uma obra não precisa ser executada sempre igual. Releitura de uma obra é criar algo novo sob a inspiração de uma criação particular. É isso que Gonzalo Rubalcaba faz com Água de Beber do Tom.

Machucando

O Brasil tem uma diversidade musical fantástica. O Choro é só uma delas, com muita tradição e cultura.

Pascaleando

Gênero tipicamente brasileiro.

Carmina Burana "Festiva"

Rieu é ao mesmo tempo engraçado, brega e surpreendente. Tudo bem... é fato que ele é um pop clássico espalhafatoso alá Michael Jackson, mas essa interpretação explosiva de Carmina Burana, apesar de meio quadradinha (no que tange ao aspecto musical), até que ficou legal, com as luzes e fogos. O mais engraçado é o pessoal chorando no final. Gosto dele, afinal, pelo menos ele populariza a música clássica...

Clássico é clássico.

Uma das obras primas criadas pela humanidade.

Feliz Natal Geek

Sempre é possível tornar alguma coisa mais eclética e sofisticada aplicando arte e sensibilidade.

Exemplo de Sinestesia de Linguagens

Arte sempre é surpreendente. Quando eu era estudante de graduação em Composição e Regência, participei de um trabalho de pós-graduação sobre sinestesia de linguagens, onde pouquíssimos entenderam a proposta do mestre, que era de entender a estrutura da mídia e usá-la de forma integrada. O exemplo abaixo, em seu lirismo e simplicidade, faz isso soberbamente, integrando a cibermedia, a música e o desenho.