sexta-feira, 23 de março de 2012

O Que é Música?


Para começar com o primeiro artigo teórico deste blog, nada mais oportuno do que discutir sobre o que é música. De todas as artes, talvez uma das, ou a mais, difícil de definir é a música. Muito já se discutiu sobre isso e muitos querem restringir essa manifestação às salas de espetáculos ou similares. Eu gosto muito da definição que encontrei no Wikipédia: “é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.” Isso diz muito sobre música e abrange um amplo leque de possibilidades, o que representa bem o que é música hoje. Se pudéssemos incluir uma palavra entre “combinar” e “sons”, por exemplo, “inteligentemente”, talvez pudéssemos excluir algumas aberrações dela, como o funk... rsrs... ok, ok, brincadeira, esqueçam essa última afirmação.

Back to cold cow, vamos analisar um pouco a definição, excluindo a primeira parte “é uma forma de arte”, pois discutir o que é arte estenderia muito esse post. Algumas coisas são bem interessantes nela, como “combinar sons e silêncio”, pois, para o leigo, música é som, mas para o músico, o silêncio é tão importante quanto o som, visto que o silêncio pode conter tensão, expectativa, ou também representar a conclusão de uma idéia. Na música, há vários tipos de silêncio e não apenas em relação à sua duração; pode-se ter o silêncio completo ou o silêncio de algum instrumento em especial, enquanto outros continuam sua progressão. A idéia deste blog não é postar artigos muito grandes, portanto, para entender o que digo, procure na próxima vez que ouvir uma música que você goste encontrar onde estão os silêncios. Além do silêncio, temos também o som, mas qual tipo de som? Qualquer som inserido na obra com objetivo de estar combinado faz parte, portanto, efeitos sonoros, ruídos diversos também tem tanta importância quanto as notas musicais harmônicas. Quando começamos a ouvir todos esses elementos, a música começa a ter uma proporção diferente em nossa consciência. Talvez o leigo nunca tenha ouvido, mas há obras musicais que contém apenas ruídos, sem os instrumentos musicais tradicionais que são feitos para emitir notas musicais.

E a parte “pré-organização ao longo do tempo”? Essa frase pode ser limitadora se a olharmos ao pé da letra, mas temos que admitir que, apesar das teorias profundas sobre música sinerética ou música atemporal de Kölreuter (acho que é assim que se escreve), o fato é que, em termos físicos da nossa realidade material, as ondas sonoras dependem da progressão do tempo, portanto, para que haja a música que conhecemos, precisamos estar no espaço-tempo de Einstein. “Pré-organização” também poderia significar que a improvisação não estaria inclusa na música, mas, de fato, mesmo na chamada música incidental (explico sobre ela em outro artigo), antes de executá-la, precisamos planejar que ela vai existir, no mínimo juntando os instrumentos ou os materiais para produzi-la, ou seja, esse termo indica que para haver música, é necessário um certo planejamento prévio, uma inteligência por detrás, visto que qualquer ruído não planejado, como a buzina de um carro, não é obrigatoriamente música, mesmo que possa vir a ser caso alguém o “combine” em alguma peça artística. Isso exclui a música da natureza, ou seja, a orquestra de pássaros que existe em uma floresta? Depende. Se você não der atenção para ela e não se emocionar com ela, eu diria que você a excluiu, caso contrário, é um dos melhores exemplos de música incidental. De fato, a inteligência da natureza seria a pré-organização dessa maravilhosa sinfonia.

Para concluir, música é uma forma de expressão, uma linguagem que atinge nossa consciência e nossos sentimentos, mas, isso não é uma exclusividade da música, talvez fosse uma explicação para a primeira parte da definição que fala sobre arte, ou seja, para ser uma forma de arte, precisa preencher certos requisitos, mas isso é assunto para outro post.


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