segunda-feira, 30 de abril de 2012

Noções Básicas I

Apesar do objetivo desse blog não ser de formar músicos, para que se possa entender e apreciar algumas nuances da linguagem musical, alguns elementos básicos precisam ser conhecidos. Pensando nisso, vou abrir uma série de artigos apresentando algumas noções básicas para que o leitor possa entrar dentro das músicas em vez apenas de ouví-las.

A música pode ser dividida em três elementos básicos:
  • Ritmo - podemos dizer que o ritmo é o movimento da música, o "beat" ou batida. Platão o identificava como "a ordem no movimento". Apesar das pessoas associarem o termo "ritmo" com um estilo rítmico, como samba, rock, etc., na verdade, o ritmo é a repetição de um intervalo de tempo, ou seja, assim como os segundos se repetem em tempos iguais em seqüência, o ritmo determina o andamento da música, a freqüência da repetição do tempo, rápido ou lento. O ritmo é a mais básica das percepções musicais, é aquele pezinho batendo no chão repetidamente quando ouvimos alguma música que nos toca fisiologicamente. Não vou esmiuçar nesse momento os elementos do ritmo, nem dos outros elementos básicos abaixo, mas apenas identificar a percepção do que eles significam. O ritmo nos atinge fisiologicamente, ele se compara às batidas do coração e nos leva a dançar (ou pular).
  • Melodia - podemos chamar a melodia de fraseado musical; é a seqüência de notas mais graves ou mais agudar que ocorre uma depois da outra; é o que nos faz identificar uma música menos experimental, aquilo que fica na cabeça e que nos faz cantarolar por aí. A melodia nos atinge no emocional, liberando conteúdos de memória, sendo comum ouvirmos uma melodia e dizermos que nos lembra alguma passagem da nossa vida. Ela pode também atingir e liberar sentimentos inconscientes, como medo e raiva.
  • Harmonia - é a relação estabelecida pelo encadeamento dos encontros das notas. Explicando o que isso significa, quando temos uma nota sendo tocada junta com outras, temos um acorde, ou seja, um encontro de duas ou mais notas tocadas ao mesmo tempo. Se temos mais de um acorde tocado em seqüência, estabelecemos um encadeamento de acordes que podem ter uma relação entre eles, tanto dentro do próprio acorde, quanto entre um e outro; a esse relacionamento entre dois ou mais acordes chamamos de harmonia. A harmonia nos atinge intelectualmente, nos faz raciocinar a música, nos leva a esperar alguma coisa, um momento tenso, um momento relaxante, uma passagem triste ou alegre, quando provavelmente ela vai terminar ou se transformar.
Em musicoterapia, o ritmo desperta a sensibilidade sonora, a melodia desperta a emoção e a harmonia nos leva à tomada de consciência sonora.

Com essas primeiras noções básicas, nas próximas vezes que ouvir alguma música, procure identificar esses elementos nela, a batida, o fraseado e o encontro das notas.

Até a próxima!

domingo, 29 de abril de 2012

Música Industrial Descartável Brasileira

Lógico que temos música industrial no Brasil, afinal, a mídia de nosso país copia tudo lá de fora, de programas de TV a shows. Tem lixo de todo tipo aqui, de sertanejo universitário a axé, passando pelo rock supostamente engajado, funk, pop, samba, etc., a diferença é que você entende o que é dito, mas, de fato, não faz muita diferença. O que você não sabe é que, apesar de haver uma quantidade imensa de bandas e cantores, os compositores da imensa maioria das músicas são os mesmos e não aparecem nos palcos, aliás, você nem sabe qual o nome deles, pois eles são contratados pelas produtoras e fazem as letras e músicas para as diversas bandas. Assim como os engenheiros, eles sabem como construir um produto industrial descartável e com a mesma engenharia de quebra dos produtos industriais físicos. Eu sei que você acha difícil de acreditar, mas, infelizmente para você e aquilo que você acha que gosta, suas bandas prediletas são uma farsa, pois algum pistolão os indicou para a indústria musical, um produtor  colocou calças coloridas neles, ou qualquer outro acessório bizarro para dizer que é diferente, como um friso novo na lataria, pegou uma das fórmulas musicais estabelecidas e criou uma letra com a mesma mensagem bem aceita para um determinado nicho de mercado, de forma que o consumo possa continuar gerando lucro para os mesmos industriais do show business. É isso mesmo, seus artistas prediletos não sabem compor, mal sabem tocar ou cantar, apenas os treinaram para serem macaquinhos de palco e, muitas vezes precisam de um equipamento que afine sua voz (sim, existe um equipamento desses, que faz com que qualquer um possa ser um cantor).

Música Industrial Descartável

Que a sociedade do consumismo em que vivemos produz uma quantidade imensa de lixo físico, isso nós já sabemos. O que muitas vezes passa desapercebido é a quantidade de lixo intelectual e de lixo dito artístico a que somos expostos. De fato, sofremos uma lavagem cerebral desde a infância para aceitarmos esses produtos perniciosos. Assim como os produtos de má qualidade são descartáveis e feitos usando os mesmos princípios industriais, mudando apenas a aparência e a moda para que sejam consumidos mais e mais, a música industrial não é menos descartável que o bem de pior qualidade do mercado. Mas o pior de tudo é que os "aterros sanitários" desse lixo musical são nossos neurônios. Sem saber, aquele que aceita e ouve essa desgraça social mal sabe o quanto é prejudicial para sua psique e muitos estudos terapêuticos já demonstram a influência nefasta que esse tipo de informação faz a quem a ouve.

Abaixo, um exemplo bem humorado da chamada "música industrial". Note que a estrutura básica é igual para todas, a mesma harmonia, melodias muito semelhantes, ritmos parecidos, em suma, você acha que gosta porque entocharam isso em você por tanto tempo que você se acostumou, assim como você se acostumou a comer hamburger. Aproveite para se conscientizar desse lixo e faça um esforço para descartar da sua mente e não ouvir mais. Sua saúde mental agradece.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Take Five Indiano

Muito exótico e eclético.

O Minimalismo de Philip Glass

A história da composição erudita americana é um pouco estranha, talvez porque os americanos são muito programados pelo sistema educacional deles ou manipulados pela mídia. De qualquer forma, é possível encontrar alguns expoentes. Philip Glass é um deles e é considerado um dos compositores mais influentes do final do século XX. Sua obra é classificada de minimalista, mas, como todo compositor, ele é avesso à rótulos, sendo que eu tendo a concordar com ele. Minimalismo é um movimento ou concepção artística que procura usar poucos elementos para expressar uma idéia. Normalmente, tem um discurso bem elástico, repetindo elementos, apresentando longas seqüências de forma a criar uma estrutura de linguagem introspectiva. Koyaanisqatsi: Life Out of Balance é um clássico dos anos 1980, dirigido por Godfrey Reggio, teve Philip Glass como compositor da trilha sonora e é um exemplo muito característico do minimalismo, sendo um documentário sem nenhuma narrativa, apenas com apresentação de imagens e sons, levando o expectador a uma reflexão existencial sobre a sociedade que vivemos. Abaixo, a seqüência final do filme, que vale a pena ser visto na íntegra.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Mestre do Clássico

Como eu mencionei sobre o período clássico da música, nada mais apropriado do que um exemplo bem típico desse período. Nada mais clássico que Mozart, o mais genial expoente desse período. Não que não haja outros grandes compositores menos conhecidos, mas Mozart é especial pelo "tempero" que ele coloca na rigidez clássica. A Sinfonia n. 40 em Sol menor, 1o movimento, é uma obra bastante difundida, conhecida e cuja forma é bem representativa do período.

Música Clássica é Brega?

É comum as pessoas usarem a expressão “música clássica” para se referir a todo o período de existência da música ocidental, que começa no canto gregoriano e vai até hoje, e que possui um nível de elaboração artística no mínimo acadêmico. Apesar de reconhecida até mesmo nas enciclopédias, essa expressão não é utilizada por aqueles que tem um pouco mais de informação musical, pois o termo “clássico” academicamente se refere a um período específico que vai de meados do século XVIII até o início do século XIX. A história da música é dividida em diversos períodos, cada qual com suas escolas estéticas e suas técnicas compositivas, sendo que, o período clássico tem como principais características simetria, equilíbrio, formas musicais bem definidas, a harmonia formal bem desenvolvida e clara. Ao redor do classicismo, temos a música barroca, que o precede, e o romantismo, que o sucede.

Se usar a expressão “música clássica” é, digamos, brega ou demonstra falta de conhecimento musical, como então fazer referência a essa música mais elaborada? Quem conhece um pouco mais costuma usar a expressão “música erudita”, muito embora, para quem já tem um estudo ainda mais profundo, mesmo essa expressão é substituída por classificações mais específicas de escolas estéticas ou gêneros musicais, como “música de câmara”, “música litúrgica”, “música operística”, “música de concerto”, etc. Para quem ainda não tem domínio dessa informação estética, melhor mesmo é usar “música erudita”, pois para que se possa distinguir as diversas técnicas e usar as classificações corretas, é necessário um pouco de treino auditivo. 

Um ponto importante é que “música erudita” faz referência à música ocidental de raízes europeias e litúrgicas, portanto as músicas orientais, mesmo que também frutos de erudição, não recebem essa classificação; o mesmo ocorre com músicas folclóricas e/ou populares.

Procure ouvir músicas diferentes e encontre as vastas possibilidades de deleite dessa arte que atinge o fundo da alma!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Herbie Hancock e Pat Metheny

Herbie Hancock foi tecladista da banda de Miles Davis, em uma das formações chamadas de "Second Great Quintet." Ele é tido como um dos principais nomes do chamado Post-Bop, uma forma jazzística que sucedeu o Bebop, cujas características eram o tempo musical rápido e o virtuosismo instrumental, dentre outras. O Post-Bop é mais livre, mais rítmico, um pouco mais denso, de harmonia mais livre e modal.

A peça abaixo é um clássico de Hancock, chamada Cantelop Island. É uma releitura muito mais swingada e com a presença do fabuloso Pat Metheny, o que a torna uma gravação especial.