sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Noções Básicas III - Forma Musical

Não vou conseguir ser completo nesse curto artigo na explicação referente à forma musical, pois é um tema bastante vasto, então, meu intento aqui é apenas criar um entendimento básico e predispor o leitor a tentar observar esse aspecto da música em suas próximas audições.

Quando falamos de forma, é muito comum associar o termo ao nosso sentido visual. Provavelmente, isso se deve pela maneira como fomos instruídos na escola, ou seja, muitos de nós ouvimos falar de forma por conta da geometria. Com isso, falar de forma pode nos remeter a quadrados, triângulos, tetraedros e etc. Também experimentamos a forma quando nos relacionamos com as artes visuais, em especial, a escultura, design e arquitetura. Minha proposta é partir daí para entender o conceito de forma musical.

Vou partir da arquitetura. Quando olhamos para uma obra arquitetônica moderna, é muito comum que separemos as partes da construção e as associemos a formas geométricas mais básicas, como quadrados ou retângulos. Por exemplo, tomemos o Palácio do Planalto, onde temos uma série de sobreposições de estruturas retangulares, como o formato do prédio, a sua cobertura, seus vidros, a rampa de acesso e o espaço entre as colunas quando visto de frente, em contraponto com o próprio formato das colunas quanto vistas de lado, com linhas curvilíneas que se repetem coluna a coluna. Quem conhece o prédio consegue facilmente identificar esses elementos que eu descrevo.

Na música não é muito diferente, apenas devemos transportar essa interpretação visual para a auditiva. Note que, ao contrário da visão, que tem uma impressão integral independente do tempo, a música é totalmente dependente do tempo, então, identificar formas musicais em sua essência é uma experiência de ouvir os conjuntos de sons em relação ao tempo. Existem quadrados e triângulos na música? Essencialmente não. Mesmo que se possam estabelecer analogias, na prática não existem. As estruturas básicas da forma musical são conjuntos de ritmo, melodia e harmonia. Em música contemporânea, podemos acrescentar as massas sonoras e aspectos timbrísticos, mas vamos pelo básico por hora. A composição musical associa esses elementos em estruturas mais ou menos complexas, as quais podemos identificar como partes da música, como fizemos com a descrição do Palácio do Planalto.

Em músicas mais tradicionais, é comum para aquele que tem o ouvido menos treinado identificar a forma através da melodia ou do tema. Normalmente, um ou mais temas tendem a se repetir ao longo do tempo, seja na mesma forma como foram apresentados na primeira vez, como com alguma variação. Na música popular, é comum as pessoas saberem o que é estribilho (ou refrão), sendo que o estribilho nada mais é do que uma das partes da forma da música em questão, que normalmente, tem uma parte inicial que é apresentada antes do estribilho e que conduz a música para esse estribilho, como uma espécie de auge.

A forma musical é costumeiramente analisada através de letras maiúsculas, então, considerando uma forma muito comum usada na música popular, a canção, podemos analisa-la como A-A-B:A-A-B..., onde A é uma parte da música (não falo de letra aqui, apenas de som) que, normalmente na canção, se repete uma vez e depois é seguida pelo refrão B que, na forma original, não se repete. É comum na música popular o conjunto das partes A e B se repetirem algumas vezes até que a música termine.

Há muitas outras formas muito mais interessantes e complexas do que a canção. Podemos citar aqui a sonata, rondó, tema e variações, dentre outras, mas vou apenas citá-las neste momento, deixando para expandir esse tema nos próximos artigos.

Até lá.

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